quinta-feira, 31 de março de 2011

Quando é vantajoso ter uma mutação? O exemplo da G6PD.

A evolução das espécies, no modelo Darwniano, frequentemente é mal entendida como a seleção dos "melhores" de uma espécie, ou dos "sobreviventes". Essa "lei da selva" onde o mais forte é o vencendor fica legal em filmes de ficção científica e romances de aventura, mas na vida real parece que não é bem assim que acontece.


A presença de mutações em genes pontuais que geram a formação de um indivíduo que possua certa vantagem adaptativa ao meio ambiente em relação aos não portadores da mutação, tem sido colocada em evidência em muitos estudos moleculares sobre a evolução das moléculas e das espécies.


Dentro desse ponto de vista, mutações que geram doenças também podem estar relacionadas a uma melhor adaptação dos mutantes ao meio ambiente. É o caso da deficiência da enzima G6PD (glicose-6-fosfato-desidrogenase) que atua em um desvio da via glicolítica permitindo a formação de um transportador de elétrons (NADPH) que garante a formação de um poderoso sistema antioxidante nas hemácias graças à formação da enzima GSH (glutasiona redutase), fundamental para o transporte de oxigênio nas hemácias.


Assim, indivíduos mutantes da G6PD perdem essa capacidate antioxidante e a hemácia acumula uma quantidade absurda de hemoglobina oxidada irreversivelmente (meta-hemoglobina) que não possui a capacidade de oxigenar os tecidos e induz hemólise severa e muitas vezes fatal, principalmente quando sob tratamento por certos medicamentos.


No entanto, esses mutantes, pasmem, são resistentes à infecção por protozoários do gênero Plasmodium causadores da malária justamente porque esse parasita não pode se reproduzir em um ambiente de baixa oxigenação. Assim, em regiões tropicais endêmica para a malária, indivíduos mutantes passam a ter uma certa proteção contra a malária o que faz com que se adaptem mais facilmente do que os indivíduos não mutantes.


APRENDA MAIS:
http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v37n3/20297.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2749581/pdf/i0003-3006-56-3-86.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbhh/v28n2/v28n2a14.pdf

quarta-feira, 30 de março de 2011

Urina ácida pode estar relacionada com síndrome metabólica e obesidade

A cada dia, pesquisadores no mundo todo investigam marcadores bioquímicos para estabelecer uma possível relação de diagnóstico laboratorial de alterações relacionadas com a obesidade e a síndrome metabólica, um passo importante no diagnóstico precoce da diabetes mellitus (DM).


A síndrome metabólica consiste na presença de algumas alterações laboratoriais e clínicas (p.ex.: baixo HDL, triglicerídeos elevados, alto IMC, hipertensão arterial) e é senso comum que um grande percentual de pacientes com síndrome metabólica desenvolverão DM em um prazo de até 10 anos.


No último dia 25 de março de 2011, pesquisadores da Universidade de Osaka no Japão, publicaram estudo onde chegaram à conclusão que quanto menor o pH urinário, maior a possibilidade da existência de síndrome metabólica e, portanto, um risco aumentado para DM.


É isso aí. Uma análise tão banal como a determinação do pH urinário pode ter grande valia no acompanhamento de pacientes portadores de síndrome metabólica.


Leia: http://www.jstage.jst.go.jp/article/endocrj/advpub/0/1103040543/_pdf

terça-feira, 29 de março de 2011

Hipoglicemia de rebote

Já ouviram falar de pessoas que têm episódios de tontura, enjoo, vômitos (às vezes) logo após uma ingestão de grandes porções de carboidratos, principalmente quando realizam exercícios físicos? Pois é, essa é a "hipoglicemia de rebote" uma impressionante resposta do organismo a uma ingestão generosa de glicose fazendo com que o indivíduo fique hipoglicêmico! Parece estranho, não? Mas é assim mesmo... Quanto mais glicose se ingere o pâncreas produz mais insulina em resposta. Desta forma, quando há uma ingestão súbita de glicose, o pâncreas tende a produzir uma quantidade extra de insulina. Por sua vez, o aumento da insulina no sangue produz a rápida queda da glicose levando a uma hipoglicemia transitória. Esse efeito é acentuado quando o indivíduo realiza exercícios físicos o que promove mais ainda a captação de glicose pelos músculos.


É comum observar crianças que, após uma alimentação rica em carboidratos (p ex.: festas de aniversário, hora do recreio) e começam a brincar corremndo em excesso, desenvolvem esse quadro, assustando pais e professores menos avisados.


A glicemia de rebote pode ser observada, também, em pacientes logo após a realização de cirurgia bariátrica, pois passam a ingerir alimentos unicamente na forma pastosa e líquida, mais rapidamente digeridas e absorvidas.Quando esses pacientes exageram na quantidade de carboidratos e realizam um exercício físico também exagerado para sua condição (p.ex.: subir uma escada muito alta, caminhada um pouco mais longa) a hipoglicemia de rebote pode ocorrer.


A hipoglicemia de rebote é de difícil compreensão por parte de leigos que não entendem a afirmação que desenvolveram hipoglicemia justamente por comer açúcar demais! Confessemos, é difícil mesmo de aceitar essas coisas paradoxais do mundo da bioquímica, não?


Saiba mais: www.scielo.br/pdf/rbme/v12n4/05.pdf


Um abraço.